
Nova Déli — A Índia alcançou um marco histórico em sua revolução digital: o sistema de pagamento instantâneo UPI (Unified Payments Interface) superou a Visa em volume diário de transações, tornando-se o maior ecossistema de pagamentos digitais do mundo. Segundo o National Payments Corporation of India (NPCI), a plataforma registrou mais de 580 milhões de transações por dia em setembro de 2025, movimentando o equivalente a US$ 2,4 bilhões diários.
A ascensão do UPI e o impacto global
Lançado em 2016 pelo governo indiano, o UPI tornou-se rapidamente um símbolo de inclusão financeira e inovação tecnológica. O sistema permite transferências instantâneas entre contas bancárias usando apenas um número de telefone ou QR Code — eliminando a necessidade de cartões físicos ou intermediários.
Com o crescimento do acesso à internet e o aumento no uso de smartphones, o UPI se consolidou como o meio de pagamento mais popular da Índia. Hoje, ele representa mais de 75% de todas as transações digitais realizadas no país. O feito de ultrapassar a Visa reflete não apenas a escala do sistema, mas também sua eficiência e baixo custo operacional.
Integração internacional e o papel do Brasil
O sucesso do UPI chamou atenção de governos e bancos centrais em todo o mundo. A Índia já iniciou parcerias com países como Singapura, Emirados Árabes Unidos e Nepal para permitir pagamentos transfronteiriços em tempo real. Segundo o Banco da Reserva da Índia (RBI), há planos de ampliar o modelo para países latino-americanos — e o Brasil está entre os que demonstraram interesse técnico em estudar a interoperabilidade entre o UPI e o sistema Pix.
Especialistas veem essa colaboração como um passo estratégico. Ambas as nações têm buscado fortalecer suas economias digitais e reduzir custos de remessas internacionais, o que pode beneficiar milhões de indianos e brasileiros que mantêm laços comerciais e profissionais.
O impulso da economia digital indiana
O UPI não apenas transformou a maneira como os indianos fazem pagamentos, mas também impulsionou pequenas empresas, trabalhadores autônomos e o comércio eletrônico. De acordo com dados do Ministério das Finanças, o ecossistema de pagamentos digitais adiciona cerca de 0,8% ao PIB indiano a cada ano, contribuindo para o crescimento econômico sustentável e a formalização do mercado.
Empresas de tecnologia como PhonePe, Google Pay e Paytm, que operam sobre a infraestrutura do UPI, continuam a expandir serviços, desde microcréditos até seguros digitais, fortalecendo o ecossistema financeiro do país.
Um modelo para o mundo
Com sua combinação de tecnologia aberta, governança pública e forte adesão popular, o UPI é considerado um dos sistemas de pagamento mais inclusivos e eficientes do planeta. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional já destacaram o modelo indiano como referência para economias emergentes.
Para a Índia, o sucesso do UPI é também um triunfo de sua política de Digital India, que visa garantir acesso universal a serviços financeiros e tecnológicos. À medida que o país exporta sua infraestrutura digital e firma novas parcerias, seu papel como líder da economia digital global se fortalece — inspirando outras nações, inclusive o Brasil, a seguir o mesmo caminho.
